Nascer... Crescer... Envelhecer... Uma Análise Falha acerca das "Noções do Tempo"...
A gente percebe que está "envelhecendo" em muitos momentos da vida... É um processo que começa ao nascer, mas só realmente nos damos conta dele por volta dos 30 anos - a famosa "meia idade"... Meia idade, deve ser, porque normalmente só se viveria até os 60 anos...?? Não deve ser, ou ao menos não é via de regra hoje, quando as pessoas vivem até os 80, 90, as vezes 100 anos...!
Eu me dei conta disso, do fato de o tempo estar "passando", em muitos momentos de minha vida, mas principalmente a partir do nascimento de minha filha... Foi como se um cronometro tivesse sido "zerado" naquele momento e o tempo passasse a ser contado desde o nascimento dela.
HOJE, então, isso soma praticamente 12 anos e meio, desde então... E HOJE, especificamente, marca o início uma "nova fase" para minha filha, minha princesa, que ruma em direção à adolescência e, mais adiante, à idade adulta...
HOJE, talvez ela mesma desperte sua ainda tenra consciência para o fato de que está "viva", crescendo e também "envelhecendo"; ato contínuo da Vida... Vida esta que ela um dia também irá gerar.
O mais curioso é que as coisas acontecem em momentos-chave, parece... Eu mesmo ando em um momento de descobertas e redescobertas, pensando (também) no tempo de existência que já tive neste planeta e o quanto ainda me resta, somado ao quanto ainda eu poderia viver (em termos subjetivos), em quanto ainda não sei e quanta coisa ainda posso descobrir, viver, vivenciar...
A gente se prende a muitas coisas nesta vida. Nossas amarras são tão grandes que nem as vemos... E passamos (as vezes) a vida toda nos policiando, nos cuidando e não vivendo o tanto quanto poderíamos... E a vida vai, incansavelmente, passando, dia após dia...
As vezes me pego pensando em quanto nos furtamos de fazer, de viver, por nós mesmos e o quanto nos travamos pelas amarras sociais, por considerações a pessoas que gostamos, quando não por apenas "medo" mesmo do desconhecido, de nos ferirmos, de "perdermos", de termos nosso ego arranhado... Na vida, queremos ter sempre um (falso) controle... Casa, trabalho, amigos, amores... tudo sob controle de nossos atos... Assim pensamos viver.
Mas na verdade vamos vivendo, fingindo controlar o incontrolável e deixando, as vezes, os dias e dias passantes irem nos consumindo em rotinas, em pensamentos auto-depreciativos, ou auto-indulgentes, enfim... O que nos torna, acho eu, mais duros, frios e céticos, senão "cegos" perante a vida...
Viver, morrer, envelhecer, faz parte do ciclo eterno. Não somos os primeiros e não seremos os últimos por aqui... E observar o mundo, viver, experimentar, e não só querer "controlar", é que faz a vida, a nossa estada por aqui, ter algum sentido maior... Afinal, não levamos nada, senão a certeza de que os que nos sucedem estão crescendo e que um dia passarão também por tudo isso - questionando ou não a validade da vida e do que fazem...
HOJE, vejo minha filha não mais como uma simples criança, mas como uma futura mulher, que, espero, possa ter e ser tão melhor do que eu, do que eu pude passar para ela até agora... E que ela possa também olhar para trás, um dia, e perceber que nem tudo que "o pai" fez na vida, por ele mesmo ou por ela, foi o suficiente... e que ela mesma terá que lutar a sua própria luta e realizar a sua própria lenda pessoal para superar tudo que recebeu, se tornando melhor e talvez tentando fazer o melhor e dar algo melhor para uma futura nova geração que há de vir dela...
Nós, como pais, não dizemos o caminho, mas ensinamos o mapa... Aos filhos, cabe a escolha das trilhas, do quando ir, quando parar, quando continuar... Há um mundo lá fora, e cada um o desbrava de acordo com seus próprios talentos e personalidade...
Fica na memória incorpórea, no "éter" eterno da poeira das estrelas de onde viemos e para onde um dia talvez voltemos, em um plano além do físico e talvez do imaginável, nossa passagem por aqui, nossas memórias, nossas histórias... As vezes tão pessoais, tão minúsculas, que as vezes ninguém jamais sabe, senão nós mesmos...
De HOJE para algum dia, me tornarei um avô, bem velhinho, talvez tentando contar histórias destes tempos de início de século XXI para meus futuros netos ou netas, tentando criar neles a fagulha da curiosidade, a chama da criatividade e o fogo do desejo de sempre irem além, muito além, do que eu jamais irei...
Buzz
(MSC)
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- Dedico esta passagem a minha filha, Letícia, com todo o meu amor...!
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